quarta-feira, 12 de junho de 2013

Crónica de uma tripeira pela Lisboa dos Santos

Mais moça que menina
Saia rodada vestida
Manjericos e perfume a sardinha
Lisboa, cheia de vida...



Ruelas estreitas que desaguam desde a Bica até à Sé de Lisboa e daí até Alfama. Espreitam aqui e acolá retalhos de cor. O caminho? Basta seguir o perfume a sardinhas assadas, a música que o vento traz e  espreitar as portas abertas de casas de bairro com bancadas de madeira improvisadas para a venda de refrescos aos sedentos de festa. Os degraus descem acelerados até à Alfama bonita. E, ei-la a receber uma tripeira de braços abertos, becos apinhados de gente, cabelo estrelado penteado com fitas coloridas que desenham feitios no céu, mesas soltas pela rua recheadas de sardinhas reluzentes, pão fatiado, copos de vinho e conversas embriagadas, voz de bailarico e rebuliço. Cheira a sal com entremeada salpicado com o perfume dos manjericos exibicionistas e orgulhosos dos seus poemas de autor desconhecido. Cheira a farturas com açúcar e canela a bezuntar os lábios de uma tripeira fascinada. Perde-se o sotaque da Lisboa que conheço e entranha-se a vida de uma Lisboa antiga, cheia de vida, despretensiosa. Conheci finalmente a Lisboa que a avó Lurdes descrevia com um sorriso nos lábios finos e um brilho incandescente nos olhos cor de esmeralda. Sim, esta devia ser a sua Lisboa mais moça que menina, vaidosa mas descalça e de mãos na anca roliça.

Elevador da Bica

Alfama a receber de braços abertos

Alfama de fita no cabelo

Sardinhas prateadas ansiosas por uma brasa

A casar com o Galo de Barcelos da cozinha, uma sardinha
catita comprada numa lojinha de Lisboa
Manjerico



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