Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


quinta-feira, 29 de maio de 2014

As escolhas das Sofias: o fotógrafo

Adoro retratos. Retratos a cores e a preto e branco. Retratos antigos, parados e estáticos e retratos animados e que respiram vida. Retratos que são folhas luminosas nas mãos ou que enchem o telemóvel. Retratos de quem é leigo e retratos de quem sabe o que faz. Adoro retratos do certo e retratos do improvável. Retratos de pessoas ou partes delas. Retratos que nos levam a viajar a um perfume, a reviver um abraço ou a sentir na língua um sabor antigo. Adoro retratos que ficam só na memória mas amo os retratos que ficam carimbados numa lente qualquer.
Adoro os retratos em que respiro gravidez, tal como é, despretensiosa e de barriga à mostra.
Adoro ter um fotógrafo de eleição e digo-o sem qualquer pudor. 
Género masculino, cabelo cor de mel, Pai e marido de uma amiga minha da faculdade, sereno, tranquilo, com pronúncia do Norte (tal como eu), brilhante encantador e detector de momentos improváveis: Ricardo Silva Fotografia.
Palavras para quê? Basta espreitar...






























terça-feira, 27 de maio de 2014

Equipa...

Espírito de equipa. É num tom avinagrado que ouço falar, apelar e incentivar o espírito de equipa. É quase delicioso sentir que é aquela expressão que se usa em prol de se conseguir chicotear os que estão a fazer cumprir os seus direitos. 
Meus caros, começo por vos explicar o que é uma equipa.
Equipa é um conjunto de pessoas (basta duas) que trabalham, vivem e se coordenam com um fim comum. Sou eu e o P.. São as quatro pessoas que viveram dias a fio no hospital para construir um projecto. São os que estão na sala de emergência, sem relógios, sem fardas imaculadas, sem olhares reprovadores. São os avós antigos. E, ser da equipa não é um nome escrito numa escala de banco, não é fazer olhares de soslaio aos contratos dos outros, não é fazer jantares em restaurantes da moda na baixa do Porto, não é esquecer os que ficaram acordados a noite toda e ainda criticar as decisões tomadas.
Como se pode falar em espírito de equipa se na verdade quem mais apela a semelhante nem sabe o que é uma equipa?
Nós, os médicos, temos muito este desejo fugaz de ser uma equipa e vivemos a apelar  ao espírito de equipa. É inato à profissão, faz parte do ensinamento e deveria ser para o melhor do doente. Mas, muitas vezes não é. Não se pratica, apenas se cita. Já fiz parte de várias equipas e com verdadeiro espírito de equipa (nunca de todos, mas afinal bastam dois). Críticas à parte, até porque faz bem falar, o espírito de equipa vai-se desvanecendo quando se descobre que a equipa é só de duas pessoas, no máximo três. O resto é plateia...
Agora a minha equipa é outra. Desculpem-me as equipas das quais eu fiz parte, mas esta equipa faz-me vestir muito mais a camisola e por esta (sim) imano espírito de equipa. 


Às equipas que valem a pena. 


Equipa


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Sirenes e reclamação que me gritou aos ouvidos

Reclamação de um cidadão para o INEM.

"Tenho verificado que esta nossa cidade parece que está em guerra. É impressionante o número de ambulâncias do INEM que percorrem a cidade. Pessoalmente estou totalmente convencido de duas coisas: 

1. Muitas vezes as ambulâncias do INEM não vão com ninguém nem se deslocam em emergência e levam as sirenes ligadas - simplesmente têm pouca vontade de ficar paradas nos sinais vermelhos e ligam a sirene. Sei que isto é mesmo assim já que os sigo e vejo que não levam ninguém. Nem sequer é valida a informação de que regressam à Sede para novos casos é válida já que, com os atuais sistemas de comunicação, não precisam de ir à sede para receberem aviso de novas emergências. 
2. As sirenes têm um regulador de intensidade. Estou absolutamente seguro que os condutores os levam sempre no máximo da sua potência, o que provoca uma poluição sonora absolutamente insuportável. As sirenes ouvem-se a 3 e 4 quarteirões de distância, quando bastavam que se ouvissem a 50/70 m de distância. 
O que afirmo é facilmente comprovável. Visito regularmente cidades com vários milhões de habitantes - Madrid, Paris, Londres, etc e nada disto se passa. Naturalmente, mantendo todo o respeito pelo excelente trabalho de socorro que fazem a vítimas necessitadas de emergência, penso que existe um abuso inqualificável por parte dos condutores das Vossas viaturas. 
Deixo ao Vosso cuidado analisarem esta situação".

Li uma vez e ri-me. Achei que não merecia comentários. Mas, voltei a ler mais algumas vezes e não consigo ficar inerte. 
Desculpe-me o caro cidadão do Mundo, com ouvido sedento de sirenes. 
Respondo como cidadã e como tripulante de uma amarelinha onde se desenha um boneco e diz Transporte Pediátrico. 
Sou Pediatra do TIP Norte e integro uma equipa constituída por médico, enfermeiro e técnico de ambulância de emergência. Respondo apenas e só por mim.
1. Resposta à parte do "Muitas vezes as ambulâncias do INEM não vão com ninguém nem se deslocam em emergência e levam as sirenes ligadas - simplesmente têm pouca vontade de ficar paradas nos sinais vermelhos e ligam a sirene. Sei que isto é mesmo assim já que os sigo e vejo que não levam ninguém." Muitas vezes levamos sirenes ligadas para ir buscar crianças doentes a vários locais do Norte do País e ainda não as temos na ambulância. Sim, é verdade, passamos rapidamente de maca vazia e monitores desligados para prestar ajuda em algum local que nos solicitou. Outras vezes, já de regresso ao hospital, somos novamente activados para nova saída mas se tivermos de repor a carga da ambulância, voltamos a ir de maca vazia com sirenes ligadas e numa ligeireza que a meu ver se justifica. 
Desculpe de o incomodamos. 
E agradecemos mas não precisamos de guarda-costas para nos seguir. Isso sim é uma atitude estúpida e desprezável porque pode causar uma colisão.
2. Resposta à parte do "As sirenes têm um regulador de intensidade. Estou absolutamente seguro que os condutores os levam sempre no máximo da sua potência, o que provoca uma poluição sonora absolutamente insuportável. As sirenes ouvem-se a 3 e 4 quarteirões de distância, quando bastavam que se ouvissem a 50/70 m de distância.". 
Às vezes, muitas mesmo, eu própria gostaria de por a sirene no máximo porque os outros condutores não se arrumam ou então são surdos. Muitas vezes, eu própria, pedi para o fazerem. Acho que os Pais dos meninos que vão na nossa ambulância ou que esperam por ela, agradeciam que as sirenes ainda gritassem mais alto.

Desculpe caro incomodado pelo ruído das sirenes, mas no que depender de mim, sempre que se justificar (e essa parte, pretensiosamente lhe digo, somos nós que sabemos avaliar), vai ouvir...
Abusadores não são os nossos TAEs (tal como lhes chamou), nem as sirenes, são apenas e só estes comentários de quem espero que nunca precise.

De regresso às 7 h da manhã e sirenes desligadas










quarta-feira, 14 de maio de 2014

Saudades...

O dia em que fui à minha casa de paredes altas cinzentas, com perfume a muita gente, macas no corredor, pessoas que se debruçam no caminhar acelerado dos seus pés e algumas pessoas que sorriem e abraçam. São dessas que tenho saudades. Pessoas que riem, que dão beijos e abraços soltos, que falam pelos cotovelos. 

Aos meus Enfermeiros que descaradamente me fizeram passar a fila de pequeno-almoço, aos meus Médicos favoritos que sabem quem são, às senhoras da limpeza que se lembram do meu nome, aos senhores que levam e trazem coisas que viram que já não estou por lá há algum tempo.
A estes que falo por me fazerem sentir saudades...

A caminho...hoje

domingo, 11 de maio de 2014

A ti, minha querida M

À M.,
A minha Mãe costuma dizer (e bem) que me engano facilmente, que tenho sorriso fácil e gratuito, que amo à primeira vista e por isso, engano-me demasiadas vezes. Enganei-me contigo e tu sabes. Cinco anos de vida em comum nas paredes de meninos víricos, bacterianos e meninos com e sem relógio. Cinco anos de bom-dia-só ou quase-só-bom-dia. Conversas curtas de corredor, banais. Eu, de unhas vermelho-morango e saltos-agulha bem altos, airosa. Tu, airosa desse teu jeito de M., afável, de olhos meigos em unhas transparentes e rentes, de sabrinas despretensiosas. Cinco meses antes da meta dos cinco anos, o destino juntou-nos. Misturamos a loucura de uma e a sensatez da outra. Rimos até fazer doer a barriga. Abraçamos o medo e mãos dadas. Sentámo-nos no chão da porta do Serviço de Pessoal para entregar os currículos, escritos em modo automático de quem não dormia há mais de trinta horas. Viajámos no asfalto de farda igual, branca-encardida, olheirentas, estetoscópio em punho. Chorámos juntas por tudo e por nada. Deste-me puxões de consciência tão à M. Obriguei-te a ir pintar o cabelo. E, vimos crescer as barrigas uma da outra.
A ti, minha M. do coração... que hoje me fizeste borboletas na barriga. 
Parabéns! 
Adoro-te!

M & S





quinta-feira, 8 de maio de 2014

R-I-T-A

Casa-se um nome que adoro R-i-t-a com uma arte fascinante...
Esculturas brancas de meninas-perna-comprida-e-pé-descalço que enchem o coração, pelo menos o meu...
Favor espreitar o trabalho aqui...



terça-feira, 6 de maio de 2014

RETRATOS SOLIDÁRIOS... IMPERDÍVEL!

Que nome mais giro poderia ter? R-e-t-r-a-t-o-s  S-o-l-i-d-á-r-i-o-s...
Porque a inauguração de um espaço de uma pessoa que recém-conheci cheia de amor na lente e na alma tinha que traduzir uma dádiva a quem mais precisa dela...
Fotógrafa da sala cheia de luz e voz meiga que fez o R. surpreendentemente responder a perguntas que nem eu adivinhava, aliada à colorida Mary Poppins, adocicada pela Peace of Cake e embelezada pela Inspirarte.
Absolutamente imperdível....


Sessão para Dia da Mãe

Vamos ser Pais!

domingo, 4 de maio de 2014

Dia da Mãe

F-e-L-i-Z    d-I-a   D-a   M-ã-E!  
R em modo baby-delicious e S escondida a empurrar o umbigo e a insuflar as bochechas!!! R que surpreende com uma resposta envergonhada pelo meio de um abraço daquilo a que chamo amor quase-violento, apertadinho quase-esmagador, de fazer rasgar um sorriso no rosto. 

Amei o convite, o momento, os comentários... Já vi e revi vezes sem conta quase já sei de cor e salteado...❤️

V-Í-D-E-O


T-H-R-E-E