Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


quarta-feira, 17 de junho de 2015

Maternidade ao quadrado

Mãe ao quadrado. Diante mim, alegre, faladora, voraz, com um sorriso valente a encobrir as olheiras das noites mal dormidas (ao quadrado). Por entre fraldas azuis misturadas com gorros rosa pálido, perdiam-se dois pedaços de criança de voz intensa a fazer gigante a pequenez dos seus ainda não 50 cm de comprimento. E, por entre essa misturada de vida alegre e intensa, perdiam-se as dúvidas, as risadas envergonhadas, os cócós descritos ao pormenor e as refeições com direito a hora e tudo. Escrevinhei os livros, primeiro o rosa, depois o azul e por fim, parámos. Frente a frente. (Com os pequenos gémeos pelo meio.) E, numa pausa silenciosa e muda, as risadas envergonhadas e audazes de quem fora visceralmente Mãe há poucos dias, fugiram. Sobressaíram as olheiras fundas e os olhos encovados, encheram-se de água como se fossem transbordar. Pisquei-lhe o olho de pestanas bem recheadas de rímel. A água não caiu. E, continuamos a discutir afincadamente as vidas que tinham nas mãos. Combinámos falar, numa consulta de Mães, as duas, sem registos em livros infantis.
Mãe ao quadrado, vou contar-lhe um segredo: viva (ao quadrado) um dia de cada vez, ria (ao quadrado) e chore, se lhe apetecer (ao quadrado), mas não deixe passar em vão os dias em que os dois lhe cabem ainda num braço...

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