Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Lello, 110 anos

Levanta-se num alto bem rendilhado na rua inclinada que une a Igreja dos Clérigos à Praça da Faculdade de Ciências. Levanta-se hoje para mais um aniversário. 
É a livraria mais bonita do Mundo e é tripeira. Já foi um pouco só minha e de muito poucos que lá entravam, há uns 20 anos atrás. Era um refúgio de fim de tarde de terça-feira antes de entrar na aula do Instituto Americano agora desaparecido. Subia as escadas imponentes sempre pelo lado direito (e não se porquê) e ficava a memorizar excertos de textos, frases e dizeres que por qualquer motivo gostava. Era fácil lá entrar, sem confusão ou filas intermináveis. Os livros tinham outro encanto, alinhados desalinhadamente nas prateleiras bem altas, mas acho que durante os anos a fio em que lá entrei quase todas as semanas, não cheguei mesmo a comprar nenhum... Sabiam a história e cheiravam a papel novo. Havia-os também mais velhos, com as capas já desgastadas e eram estes que abriam os braços para lhes pegar no colo. Perdia-me horas a fio. Até acho que já me conheciam, porque o Boa Tarde passou a ser um Olá pelo senhor monárquico da caixa. 
O Porto cresceu, as ruas encheram-se de vida e a alma tripeira genuína e vivaça rejuvenesceu e, com o boom, a livraria ficou conhecida tal como eu já a conhecia: a mais bela livraria do Mundo!


Contorcido maravilhoso da escadaria escarlate


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