Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


sexta-feira, 22 de abril de 2016

Vacinar, uma picada de amor

Vacinar é um acto de amor numa picada rápida e mordaz, e é assim que começo esta crónica.
Vacinar é uma escolha dos Pais, que envolve a criança-filho e os outros meninos à sua volta.
O que são as Vacinas? São a segunda maior arma do Homem que permitiu uma franca melhoria da mortalidade infantil, logo a seguir ao saneamento básico. Permitem a imunização (protecção) contra determinadas doenças especificas. Protegem a pessoa vacinada (imunidade individual), mas quando existe uma adequada taxa de cobertura vacinal, deixando de haver o agente em circulação, promovem a chamada imunidade de grupo. Cada país tem o seu próprio Programa Nacional de Vacinação, e enquanto Pediatra, orgulho-me do nosso PNV, tão completo, tão protector e gratuito. 
Orgulho-me ainda por ser Pediatra num país onde os Pais ainda pouco questionam a vacinação. Faz parte (e tão bem que faz...). 
Mas, começam a chover notícias de mortes inesperadas, por doenças já erradicadas (e que nunca vi a não ser nos livros), por não vacinação. Acabo de ler mais uma... Os movimentos anti-vacinação vêm a aumentar desde o famoso artigo da Lancet em 1998 que associava a vacina Tríplice (sarampo, parotidite e rubéola) a alguns casos de autismo, cuja relação não fora comprovada. 
O não-vacinar é uma decisão dos Pais que deve ser respeitada. Respeito-a, mas discordo em absoluto. 
A atitude consciente de não vacinar um filho, submete-o a um risco desnecessário e abala a imunidade de grupo. E, se me perguntam: e os riscos das vacinas? a segurança? a associação ao autismo? As vacinas são seguras, protegem, erradicam doenças mortais. Não se comprovam as associações com o autismo.
Reforço: vacinar é um acto de amor ao seu e aos outros.

S, à espera de uma picadela com estilo...