Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A_M_O_R

(a continuação)
Esperam-se instantes, minutos que caem na alma como uma gota de chuva fria no rosto. Esperam-se momentos que se atropelam uns aos outros numa sede imensa de vida. Espera-se o inesperado, o não expectável. Um passo de cada vez, sem olhar onde se põe os pés. Descalça e sem medo. Tu também.  Foi isso, caminhei para ti, sem medo onde por os pés. Alheia aos olhares do alheio e às conversas da treta de corredor de enfermaria. Fi(a)zemos uma viagem sem roteiro, sem itinerário definido e sem horas de relógio. Gosto disso. Gostamos disso. Sem planos ou tempo de terminar... (continua)

Marrocos- Riad

Veneza

sábado, 21 de janeiro de 2017

A-M-O-R

Nasceu numa dobradiça da porta de consultório de um hospital quase provinciano. Podia ter nascido numa noite de copos, mas nasceu num fim de tarde, quase noite. Podia ter nascido em salto agulha vertiginoso ou sapatos glamorosos, mas nasceu entre socas de bloco operatório desgastadas e balofas. Podia ter nascido muitos anos atrás, mas nasceu no tempo certo. Nasceu com Apgar 10/10/10 e sem necessidade de aspiração, sequer. Nasceu um amor maior, desvairado e atrevido. Do nada, inesperado e descomprometido. Casou-se comigo antes mesmo de se casar. Podia ter-se casado a dois na véspera de Natal, com aliança de dedo, mas casou-se enamorado pelo Atlas, a ouvir música berbere, a sentir as papilas gustativas embriagadas pelo açafrão e com pulseiras a abraçar os punhos. (Continua)


A-m-o-r

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Happy Birthday BFF!

És dos que ficam, dos poucos que ficaram, estão e estarão sempre para mim. Tenho-o como uma verdade absoluta. 
És insuportável no teu pomposo sobrenome e na tua postura quase monárquica e tantas vezes rasas a petulância. Mas, eu conheço-te. Conheço-te as manhas, as manias, a doença, o estado eufórico, a sabedoria, a arte na ponta dos dedos, a conversa da treta e as conversas de horas, sérias e irrefutáveis. Conheço-te o dia em que estiveste ao meu lado na sala de Gastroenterologia da Pediatria B, no antes e no pós-operatório do R, mais presente que ninguém. Conheço-te o dia em que nos zangamos em plena viagem de ambulância para Vila Real. Conheço-te o dia em que me abraçaste, num silêncio recheado de palavras, para me apagar os medos das cataratas do R. Conheço-te o dia em que esperaste à porta do quarto de banho que a minha birra acabasse. Conheço-te os conselhos, o jeito repreensivo que impões nas palavras. Conheço-te e sei que consegues pôr quase toda a gente no lugar (a mim não). Conheço-te o confidente dos segredos mais reboscados. Conheço-te os acordares tardios e atrasos para as mudanças de turno. Conheço-te a mania que és um chef de primeira. Conheço-te o gosto pelas viagens de mochila às costas. Conheço-te meu querido amigo. E, por tão bem te conhecer,  depositamos na tuas mãos, o nascimento da S e a seguir, o da M, que também é um bocadinho tua.
Sim, já não és só meu, és também o nosso amigo, padrinho e fazes parte de nós.
Obrigado por ti!


TIP4


Retrato à força


P&R, no abraço do nascimento da S

Nascimento da M

M e o padrinho

Pai, Padrinho e Madrinhas

R ao quadrado


Levantar e aplaudir...

As gentes do Porto têm paredes cinzentas e coração na ponta da língua. As gentes do Porto dizem, criticam, conseguem ser varinas de saia rodada. E, como faço parte das gentes do Porto, por entre a dureza com que digo o que não está bem, também me levanto e aplaudo atitudes. Esquecemo-nos de dizer bem, de aplaudir o que se faz de bom e em prol dos outros. Provavelmente, ir-me-ão comentar com o "não fazem mais do que a obrigação cívica"... Discordo veemente! É raro, é enorme e faz-me ter orgulho em ser tripeira. Clicar


Do Antiqvum para nossa casa


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

In my veins

Corre nas veias a uma velocidade furiosa, emergente e invasiva. Chama-se paixão. Paixão pela taquicardia, paixão pelo arrepio que desce a coluna vertebral, paixão pelo desconhecido. É parte de mim e faz-me falta... Sinto-o nas conversas de corredor, no desfilar dos retratos à mesa da secretária. Sinto-o quando entro no hospital-mãe e ao entrar, cumprimento os porteiros (os mesmos de há tanto tempo). Sinto-o no bar do café em que amavelmente perguntam se estou bem e namoram o meu perfume. Sinto-o quando o frio do corredor entre a Associação e o Salão de Alunos me bate no rosto. Sinto-o reflectido nas cores das fardas novas. 
Ainda correm nas veias os momentos que não sei por em palavras mas deixo nas imagens... (e, nada mudará isso)